"... aquela era a verdadeira terra dos homens, nos à chamávamos de Bwana Mukbwa, que significa "terra dos nossos pais" em seu idioma. Lá foi o berço da raça humana e lá nossos antepassados viviam em disputa com tantas outras raças há muito e muito tempo. A terra do norte era a terra dos gigantes. Nada tínhamos a ver com eles até o dia que veio o cataclisma. Meu finado avô, Syiabonga, devorado por uma maldição, falava que uma magia catastrófica foi conjurada do continente norte em cima da nossa querida Bwana Mukbwa, uma magia que rompeu a terra e afogou civilizações. Sobrou apenas poucos entre nossos antepassados."
Esse trecho pode ser encontrado no Compêndio das Terras Distantes.
"...a terra se partiu como se um imenso martelo tivesse quebrado uma placa de pedra. O que sobreviveu foi assolado por uma maldição constante e de natureza aleatória. Não era possível pisar nas terras de Maldûn sem ser amaldiçoado pela vontade divina ou pela vontade de uma entidade oculta, pois é isso o que muitos historiadores defendem: que nenhum deus tem a ver com as Ilhas de Maldûn, muito pelo contrário, dizia-se que aquelas terras haviam sido abandonadas pelos deuses. Um continente partido que tornou-se um arquipélago formado de centenas de ilhas que, conforme o tempo passava, eram devoradas pelo mar."
A última nação das Ilhas de Maldûn foi resgatada por um grupo de aventureiros e trazida para a região que agora é posse da Diocese Velaskiana. Os senhores da praga explicam:
"... nossa deusa veio de lá. Lá ela era única e aqui ela não é diferente para nenhum dos devotos da própria. Velaska é a única deusa, destinada a consumir o resto."
Essas declarações se confundem, mas para aqueles capazes de absorver algum contexto histórico, acredita-se que Velaska tenha nascido com a morte de Amarillys, a antiga deusa da fertilidade e vida, que teve sua existência aniquilada pela Mortalha, a mais terrível das organizações fanáticas e religiosas do nosso continente. Temos visto no decorrer da história que a morte de um deus pouquíssimas vezes é definitiva, mas, caso essa teoria esteja correta, essa conversão dos éditos e dogmas de uma divindade é inédita e diametralmente oposta ao significado carregado pela antiga deusa.
Nos apêndices dos 13 volumes dos Livros Vermelhos, a diáspora dos avatares de Lorde Splendor (de acordo com a Igreja da Cruz-Espada), a seguinte frase é frequentemente citada:
"Cada deus tem suas peças e, por isso, um deus não deve matar outro deus."
Embora nunca se tenha encontrado qualquer texto litúrgico sobre o assunto, subentende-se que essa sentença seja uma regra divina. O que aconteceria se isto ocorresse? O que aconteceria se, de fato, um deus aniquilasse outro?
Na pirâmide de Mênfis, que é o lar do todo poderoso faraó das terras exóticas de Quéops, tabuletas de ouro foram cravadas às paredes perfeitas da construção. Nessas tabuletas, muito da cultura do povo do deserto está descrita e uma das citações mais importantes e mais respeitadas pelos clérigos de Selloth é:
"... acima de tudo, tenha uma vida justa e pratique os dogmas, pois, se não fores castigado nesta vida, suas próximas gerações assim serão [...] e o filho poderá vingar-se do pai ímpio e à esta vingança Selloth chamará de justiça."
A vingança parece ser um objetivo comum entre os deuses (não só deste mundo, mas da maioria) e o destino parece contorcer-se como uma serpente que teve um prego martelado na cabeça mantendo-a presa ao chão. Assim, posso, de fato, deduzir que o desespero fanático da Mortalha em libertar seu deus da prisão foi o responsável por forjar a arma que pode trazer um fim ao reino de Karrasq e ao deus-lich. Isso são teorias que provavelmente já foram deduzidas pela sabedoria atemporal de Saulot e creio que também pelos estudiosos da Ordem Dourada de Zenith, portanto, o que podemos esperar é que o deus lich combata fogo contra fogo, assim, estamos diante de uma era que pode, infelizmente, ser ainda mais aniquiladora que as eras passadas.
"Os deuses não sabem se comportar" foi a última frase que ouvi de Aensell, o delirante senhor da magia, outrora mortal e de comportamento ateísta que, de forma conflitante, tornou-se um deus.
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