Fectos Heldeen, o cavaleiro da lenda

Fectos, o cavaleiro da lenda
 

SANTO FECTOS HELDEEN, O CAVALEIRO DA LENDA

A vida de Santo Fectos influenciou não somente a religião de Splendor e atribuiu os principais dogmas da Igreja da Cruz-Espada, como também o contexto histórico à partir da Quarta Era em toda Draganoth. Conhecer a história do cavaleiro da lenda é imprescindível para todo acólito (mesmo de religiões inimigas). Aqui, de forma resumida, tentamos explorar os principais acontecimentos na vida daquele que mais tarde se tornaria o último encarnado do deus do heroísmo e a principal representação de santidade guerreira do mundo.

A INFÂNCIA

Fectos nasceu no pequeno vilarejo de Arn, situado no extremo oeste do reino de Azran, lugar que faz divisa com a profunda floresta de Chattur'gah. Seus pais, conhecidos apenas como o casal Heldeen (seus nomes próprios foram perdidos junto com suas histórias de modo que o próprio Fectos, separado dos mesmos ainda muito jovem, nunca recordou seus nomes) tiveram pelo menos cinco filhos, embora suspeitemos que, como era de praxe para a época, os Heldeen devem ter tido mais. Era o caçula e ainda muito jovem quando perdeu dois de seus irmãos, um deles para uma terrível febre tifoide e o outro carregado e devorado por uma das feras de adentro de Chattur'gah (esses ataques e perdas são frequentes em vilarejos muito próximos de áreas selvagens). Um de seus irmãos chamava-se Arion, era quatro anos mais velho que Fectos e descrito como uma figura simpática e bondosa.

Os Heldeen viviam reclusos em uma cabana que durante o inverno ficava soterrada pela neve e seu pai, caçador e lenhador, era o responsável por estocar carne e madeira para a pior das estações, tirando a subsistência da família da selva de Chattur'gah. A cabana ficava a pouco mais de oito horas de viagem do vilarejo de Arn. Cresceu ouvindo histórias horrendas sobre criaturas sombrias que viviam dentro da floresta. Sua mãe contava essas histórias para afastá-lo das áreas menos seguras e o jovem Fectos prometia defender à todos quando enfim soubesse manejar uma espada. 

Quando tinha seis anos, seu irmão Arion foi recrutado pelo exército de Azran, pois a lei decretava que cada família deveria dispor pelo menos um de seus filhos para a fila de soldados do reino que tem forte influência militar. Dois anos mais tarde, quando as histórias sobre praguejadores orcs tornou-se comum, Arion retornou ao lar trajando  a flâmula do Exército das Planícies Eternas e levou Fectos, ainda com oito anos de idade, junto consigo, mesmo sob a desaprovação do pai. A dupla não teve mais chances de voltar àquela cabana.

Fectos foi acolhido pela Igreja da Cruz-Espada, um templo modesto erguido na cidade de Forte Decker, onde, graças ao irmão, aprendeu a ler,  conheceu a religião do deus do heroísmo (que na época chamava-se Alrü) e passou a exercer seus dogmas.

A ADOLESCÊNCIA

Relatos sobre a adolescência de Fectos são comuns nos pergaminhos encontrados na biblioteca do atual Forte Decker, uma cidade-fortaleza militar que chega a adentrar os limites de Chattur'gah. Forte Decker existe principalmente para estreitar os laços com as tribos civilizadas de Chattur'gah e impedir que feras selvagens, além de orcs, goblins, gnolls, trolls e homens-lagartos (com menos frequência) invadam as terras de Azran dentro de uma faixa constante de vigília. 

Cedo, o antigo general Johann Ehrhart Ascallon II (os descendentes da família Ascallon costumam seguir carreiras militares, Ehrhart é antecedente do heroi de guerra Samuel Ascallon, que liderou tropas em Forte Decker no final da Quarta Era) notou que Fectos era um garoto prodígio, uma estrela ascendente no quesito combate físico (Fectos era capaz de manejar uma espada longa desde os oito anos de idade) e força de vontade, tanto que o recrutou para a primeira vigília ainda com 11 anos de idade (dois anos mais cedo que um soldado comum) junto com seu irmão Arion.

Foi logo nessa primeira vigília que o destino de Fectos Heldeen foi selado para sempre. O grupo, liderado por um sargento novato, encontrou-se com um estranho eremita velho e barbudo em meio aos caminhos tortuosos da divisa entre Azran e Chattur'gah. O sargento iniciou uma conversa com o eremita exigindo que este abandonasse aquelas terras, no entanto, a resposta veio de forma agressiva. O eremita enfrentou a todos ali com tamanha maestria que pôs todos à dormir, exceto pelo próprio Fectos que manteve-se de pé trêmulo, com o olho arroxeado.

Acontece que aquele eremita era, na verdade, Yoroi Yamagoichi, um experiente guerreiro e paladino de Alrü que, quando mais jovem, fizera parte das filas de generais da conhecida Ordem da Fênix Branca. Yoroi não matou ninguém aquele dia, ele apenas deu-lhes, como mesmo disse, "uma pequena lição de humildade". Estava cansado de ter de lidar com a nova geração de soldados recrutados pela Igreja da Cruz-Espada e era defensor dos antigos dogmas da igreja, que os tornava eficientes em cumprir ordens e a considerarem-se servos do povo, não o contrário. Foi naquele momento que Yoroi notou a chama paladínica em Fectos.

O TREINAMENTO DE DOIS MIL SÓIS

Yoroi foi ao Forte Decker pedir a tutela do jovem Fectos à Ehrhart, que foi concedida  sem pestanejar. Naquele dia, Fectos despediu-se de Arion e eles só voltaram a se ver sob circunstâncias muito tristes.

Yoroi optou por um treinamento pesado que durou quase seis anos. Nessa temporada, a dupla viajou às terras de Rivergate e ocupou um montículo que atualmente é chamado de "A colina dos dois mil sóis" (representando a quantidade exata de dias que durou o treinamento de Fectos por lá). A colina dos dois mil sóis é relativamente próxima ao pequeno reino de Asura, lugar em que Yoroi nasceu.

Distante das grandes civilizações, Fectos apenas soube da história de seu mestre meses depois de seu último dia de treinamento. Em épocas passadas, Yoroi carregou o título de Executor Imperial. Ele pertencia ao clã do tigre de Asura e foi ordenado à proteger aquele que mais tarde se tornaria uma das figuras encarnadas de Alrü, Yang Yamanaki. Yoroi era ainda mais velho do que aparentava ser, embora não possamos calcular exatamente sua idade. Sabemos que, de certa forma, ele falhou em sua missão, pois seu juramento de Executor Imperial exigia que ele protegesse Yang e que desse a própria vida para isso, se precisasse, mas, como sabemos, Yang Yamanaki alcançou seu descanso após enfrentar o próprio Marduk, certa vez. Devido à isso, Yoroi nunca mais pôde retornar à sua terra natal.

Fectos treinou com Yoroi até alcançar os 17 anos. Não temos detalhes de como foi esse treinamento, mas sabemos que após esses quase seis anos, Fectos aprendeu à falar a língua dos anjos, assim como forjou amizade com criaturas celestiais que mais tarde, no decorrer de toda sua saga, foram influentes em suas vitórias e decisões.

Mestre e pupilo se despediram num dia pacato, comum e rotineiro. Abandonaram a colina dos mil sóis, depois, devido às coincidências do destino, nunca mais se viram.

UMA SAGA DE IRMÃOS

Durante os seis anos que Fectos Heldeen permaneceu em treinamento, seu irmão, Arion Heldeen, tornou-se um dos principais representantes da Igreja da Cruz-Espada. Assim como Fectos, Arion foi considerado um prodígio, especialmente no quesito liderança, pois sua eloquência, cautela e firmeza eram elogiáveis . Ele retornou à cabana de seus pais e a encontrou abandonada, obteve informações no pequeno vilarejo de Arn (que parecia ainda mais miserável) de que o casal Heldeen havia sido assolado pela praga orc. 

Arion retornou à Forte Decker, obteve permissão para realizar uma missão pessoal, recrutou um grupo de soldados com qualidades peculiares e adentrou a selva de Chattur'gah em busca do responsável pela morte de seus pais e irmãos restantes. Encontrou um xamã orc veterano e temido chamado Othys, o manco, e o matou. Essa foi a primeira de muitas vitórias acima da média do grupo liderado por Arion e, desde então, foi recrutado para missões ainda mais ousadas.

O grupo ficou conhecido como a Corte Púrpura devido à cor dos mantos privilegiados pela equipe. Entre suas missões mais importantes está o exorcismo da sombra vagante nas tumbas da rainha demente, a execução de Adelaide Rasg'alma que liderava um grupo de saqueadores das tumbas sacras no sul de Azran, e a expulsão dos terríveis piratas de Bakula que assolavam o litoral das planícies eternas.

Por fim, a última missão na qual a Corte Púrpura foi recrutada por ordem da própria Igreja da Cruz-espada consistia em averiguar Xea'thoul, o pântano do ébano e tumba de Marduk, a semideidade que provocou a guerra da Terceira Era. O que a Corte Púrpura ou a Igreja da Cruz-espada não podia prever era que Marduk havia alcançado uma fonte de magia muito poderosa que permitiu ao general demoníaco possuir o corpo do jovem Arion e seus comparsas os do restante da equipe. 

No corpo de Arion, Marduk retornou ao continente central e preparou sua vingança tão esperando.

A VERDADEIRA JORNADA DO HERÓI

Arion, possuído por Marduk, deu início à sua mais intensa missão: converter e recrutar simpatizantes da crueldade de Zeiram, o deus da matança. Arion manteve seu carisma habitual e conseguiu despertar a maldade no coração de vários inocentes que aceitavam, a maioria das vezes, de bom grado serem possuídos por um dos comparsas de Marduk, que mantinham-se trancafiados em Xea'thoul. O senhor da matança pretendia trazer sua fila de generais mais poderosos para o continente e reiniciar seu plano de obliteração.

Nesse meio tempo, Fectos ficou sabendo da situação de seu irmão e deu início a jornada de  exorcismo e cura marcada pela estranha intervenção de Veronicca, a deusa da morte. Até os dias atuais, clérigos de Splendor tentam entender a intrusão positiva da deusa na tentativa de auxiliar a Igreja da Cruz-Espada em eliminar a ameaça de Arion. Os clérigos de Veronicca, entretanto, afirmam que a deusa, responsável pelo equilíbrio entre a vida e a morte de todas as coisas, sabia das consequências que todos os deuses iriam enfrentar ao permitir que Marduk povoasse aquele mundo com seus companheiros.

Nas mãos de Fectos Heldeen, os ceifadores de Veronicca depositaram o artefato que carregava o nome da própria divindade e os doze arcanjos de Alrü, ao notarem a sina do guerreiro, bentificaram sua existência. Fectos tornou-se um paladino devoto à uma promessa: eliminar a ameaça de Marduk. Empunhando a arma de nome Veronicca, Fectos eliminou muitos dos maiores representantes da ressurgida religião de Zeiram até que, enfim, encontrou-se com seu irmão, o senhor de todos.

A luta parecia promissora para o paladino, entretanto, Arion mostrou-se muito mais poderoso de modo que Fectos foi derrotado, sobrevivendo apenas devido ao desprezo de seu irmão (aqui alguns teorizam que a vontade de Arion, como irmão de Fectos, prevaleceu, o que foi crucial para a sobrevivência do paladino).

OS PORTÕES DOURADOS

As esperanças pareciam perdidas e a Igreja da Cruz-Espada parou de creditar expectativas à Fectos Heldeen. Buscando uma forma de ser devidamente efetivo contra o próprio irmão, Fectos encontra aquele que marcaria seu destino mais profundamente que todos os demais. Este é Saulot da Lua de Sangue, um experiente mago ansioso para demonstrar a efetividade de seus estudos. Saulot vivia na Torre da Necromancia, na Ordem Arcana de Mordae, ele possui uma história tão profunda e interessante quanto a de Santo Fectos, mas esta será contada posteriormente, o importante é sabermos que é nesse momento que a vida deles se cruzam.

O velho Saulot pregava pela exclusão do preconceito em volta da escola de necromancia, muitas vezes vista como algo obscuro e macabro, o que de fato é, embora exista algo em seus estudos que predomina também o aprendizado sobre a vida. O avanço no estudo da necromancia já havia se provado eficiente no quesito fisiologia e metabolismo, permitindo até a existência da profissão médica em lugares onde os milagres divinos ainda não haviam alcançado, possibilitando mesmo métodos complicados como cirurgias. 

Mas havia algo que Saulot sabia estar faltando para concluir sua tese e isso era constatado nos pequenos e grandes milagres que ocorriam com frequência ao redor do mundo mesmo sem influência de deuses. Seres humanos que viviam mais de 150 anos, indivíduos cegos mas capazes de ouvir o mais leve tinir de uma agulha caindo no chão, a regeneração incomum de um ferimento mortal em guerreiros sobreviventes de guerra. Tudo isso encantava demais Saulot e, em suas pesquisas mais profundas, ele aprendeu um nome que o perseguiria pelo resto da vida: o Necronomicon, o grimório que contém as fórmulas que os deuses usaram para criar e tirar vidas.

O Necronomicon é um artefato poderoso e proibido, trancafiado pelos deuses primordiais afim de que mais nenhum de seus irmãos pudesse construir vidas, mas essa privação incomodava Saulot e ele decidiu ignorar essas regras, uma vez que não tinha crença por deus algo e os considerava apenas seres manipuladores de uma energia que não foi ofertada para todos e, por isso, tinha uma óbvia vantagem. Seus anos de pesquisa resultaram na informação que o levaria aos Portões Dourados, num plano obscuro denominado Abismo, afim de encontrar o Necronomicon e também recolher de lá a essência de deuses devorados pelo tempo que seria suficiente para cravejar a espada de Fectos com presença divina necessária para enfrentar o próprio Marduk.

A articulação bem montada por Saulot convenceu Fectos Heldeen à embarcar nessa aventura e os dois caminharam pelo vale dos ventos gélidos em Nevaska durante meses, correndo o risco de terem até a alma congelada, em busca da entrada para o Abismo e, quando finalmente conseguiram, encontraram um plano destruído, formado por um breu com destacadas fagulhas de fim de vida e rochas imensas e flutuantes se desmanchando num espaço independente do tempo.

Havia desafios perigosos o suficiente, mais mortais do que qualquer confronto que Fectos ou Saulot haviam enfrentado, os juízes daquele mundo era potencialmente mortais e dominados por um conjunto de regras perversas. A dupla, regada pela força de vontade de suas missões, obteve sucesso e se viram diante dos Portões Douradas.

Ainda ofuscados, eles abriram a porta dimensional e lá encontraram somente o que queriam. Saulot obteve o Necronomicon e Fectos tornou sua antiga espada detentora de essência divina própria, logo após, ele a nomeou Vittoria.

A VINGANÇA FRATERNA

Com Vittoria em mãos, Fectos e Saulot retornaram para Azran e no templo-mór da Igreja da Cruz Espada ela foi erguida e todos os clérigos e paladinos presentes ouviram a voz de Alrü ressoar repleta de uma luz forte, brilhante e celestial. Esse dia passou a ser comemorado pelos paladinos do deus do heroísmo como o dia em que o próprio mostrou sua face e todos aqueles agraciados pelo momento lembram-se de serem capazes de entender a língua dos anjos falada pela divindade e reconheceram que o nome Alrü significava, no idioma comum dos povos livres, esplendor. Nascia Lorde Splendor, a divindade que se mantém eternamente vigilante e próxima aos seus seguidores. A Igreja da Cruz-Espada obteve mais seguidores após esse acontecimento, pois naquele dia os jovens e experientes guerreiros que ainda não tinham sido tocados por Splendor passaram a desenvolver seus poderes paladínicos e todos aqueles que nasceram naquela data (e todos os que nascem no mesmo dia à cada ano desde então) são bem-aventurados, pois receberão a bênção de Splendor e, se desejarem, encontrarão seu lugar nas filas de guerreiros santos do deus herói.

A Igreja da Cruz-Espada estava pronta para confrontar o inimigo, mas Marduk não aceitaria esse confronto tão cedo. Com apenas um quarto da força de seu exército de criaturas possuídas, Arion manteve-se às ocultas enquanto a Corte Púrpura recrutava novos membros através da força. Foi então que Saulot, com a ajuda do Necronomicon, foi capaz de localizar as existências espirituais forasteiras e indicou o caminho à Fectos e aos demais seguidores de Lorde Splendor.

O esconderijo foi encontrado e um combate epopeico foi travado no lugar onde hoje se situa o reino de Dechaeon. A energia negativa ecoada dos corpos possuídos quando lacerados tornou aquela faixa de terra arruinada e infértil (como Dechaeon é, hoje em dia). Finalmente Fectos pôde travar uma justa com o irmão, mas dessa vez, com o artefato matador de deuses em mãos, venceu Arion e consequentemente Marduk, porém por infelicidade, foi incapaz de desvincular a vida de seu irmão à do deus da matança, portanto, quando Saulot, beneficiando-se novamente do Necronomicon, conjurou o ritual que forçou a saída dos espíritos da legião de Marduk de seus receptáculos, Arion morreu.

A MURALHA ETERNA E O PRISIONEIRO DO CÉU

Anos se passaram e a religião da Igreja da Cruz-espada não somente foi difundida em todo reinado, como tornou-se a mais popular, até que aconteceu o imprevisto. Obcecado pelo poder encontrado no Necronomicon, Saulot alcançou a proeza de se tornar um lich, logo a ideia deturpada de oferecer aos mortais uma vida eterna, sem dor e sofrimento, lhe pareceu algo óbvio e muito justo. Para o lich a morte já não era encarada como algo ruim e inevitável e sim algo a ser sobrepujado, e ele queria oferecer essa possibilidade à todos. Quando não conseguiu influenciar a legião que queria, percebeu que a bênção deveria ser forçada para que suas vantagens pudessem ser vistas e experimentadas. 

Esse recrutamento ainda é utilizado nesses tempos contemporâneos e ainda há quem se simpatize com a ideologia de Saulot à ponto de aceitar a bênção e maldição de ser um morto-vivo, entretanto, como é de se esperar, a Igreja da Cruz-Espada, assim como as demais religiões de aspecto bondoso, jamais aceitaria essa ideia. As tentativas de eliminar Saulot, entretanto, tornaram-se vãs. De início, o lich foi confrontado inúmeras vezes e derrotado, mas sua alma e corpo se regeneravam a partir de sua filacteria e, para cada vez que ele era enfrentado e derrotado, crescia um ódio e remorso incontrolável em sua existência. Saulot tornou-se um indivíduo vingativo, cansado de ter que explicar a profundidade de sua ideologia e em determinado momento, não se sabe quando, ele contra-atacou de forma devastadora.

Primeiramente deu início à uma jornada pessoal com o objetivo de encontrar o Libris Mortis, um grimório conhecido por conter todas as magias e fórmulas capazes de criar e influenciar mortos-vivos, em seguida, potencializado pelas magias do poderoso Necronomicon, Saulot viajou até as terras ao sul de Azran, onde sabia que existia um cemitério muito antigo e sacro onde certa vez escolheram enterrar todos os heróis de guerra que morreram na Terceira Era e, com a ajuda de seus comparsas (um grupo de simpatizantes à sua ideia que tornaram-se vampiros sob a bênção de Saulot e que são conhecidos como "Os Sete de Sangue") enfrentou os guardiões do lugar e dissipou todas as bênçãos divinas conjuradas por inúmeros clérigos e celestiais (pois, na época já era poderoso o suficiente para isso). Em seguida, ergueu uma necrópole formada pelos heróis de outrora.

O Conselho de Sábios de Brastav, que tinha intenções religiosas e que passaram à governar Azran numa época em que o sangue dos Leonheart havia desaparecido no mundo, convocou os 12 arcanjos de Splendor e explicaram o feito de Saulot. Foi, então, tomada as decisões que influenciariam o reino de Azran durante toda a Quarta Era. Primeiramente, o reino das planícies eternas ergueria a maior e mais poderosa muralha jamais vista ao sul de suas terras, que seria eternamente vigiada por representantes da religião e bentificada com as magias divinas dos próprios arcanjos e, em segundo, resolveram castigar aquele que, mesmo indiretamente, parecia o responsável pela criação do maior vilão de todos os tempos: Fectos Heldeen.

Cumprindo ordens celestiais, Fectos foi levado à um tribunal celeste onde foi julgado e acusado de infração às leis de Splendor por ter colaborado, e inclusive ter sido indispensável, no sucesso que culminou na obtenção do Necronomicon nas mãos maquiavélicas de Saulot. Um extensa faixa de terra foi erguida até acima das nuvens onde Fectos foi aprisionado e crucificado. Ali ficaria até que a morte lhe alcançasse, remoendo seu pecado afim de, talvez, alcançar algum perdão.

A CANONIZAÇÃO DO CAVALEIRO DA LENDA

Os anos se passaram, a Igreja da Cruz-Espada não foi suficiente em combater a Mortalha (este foi o nome dado ao culto de Saulot) e sofreu uma série de derrotas responsáveis por ferir gravemente sua moralidade. Novas igrejas devotas à Splendor foram fundadas nessa época (dentre estas a Igreja dos Anjos de Pedra, alheia aos dogmas de guerra e execução comum da Cruz-Espada, alcançou grandes proporções) e a Igreja da Cruz-Espada sofreu bastante baixas. 

O desespero tomou conta do mundo assim que a notícia de que Saulot retornaria ao Abismo, em busca de um grimório chamado Teogonia (um grimório que contém as fórmulas de criação e destruição de deuses) nos Portões Dourados.

Os doze arcanjos foram convocados mais uma vez e coagidos à repensar sobre a decisão de terem aprisionado Fectos num momento em que o próprio era a figura mais representativa da Igreja da Cruz-Espada. Sob às ordens de Mikhail, líder dos arcanjos, Fectos foi libertado, a prisão no céu caiu em terra e tornou-se ruínas, Vittoria foi mais uma vez posta nas mãos de seu portador original, a voz de Splendor voltou a ecoar e Fectos foi nomeado como o principal mártir da religião, tornando-se inclusive um ser bentificado e sendo nomeado Santo Fectos. Santo Fectos então recebeu a missão de ir ao plano do Abismo e impedir Saulot.

A GARGANTA DE ASTAROTH

No Abismo, Santo Fectos confrontou Saulot pela primeira vez. Eles travaram inicialmente uma batalha de ideologias, explicando os reais motivos de suas existências e pelo quê eles lutavam, mas a luta culminou num combate épico entre o bem e o mal, luz e trevas, do qual nenhum dos dois saiu vencedor.

Convencido de que era incapaz de dar um fim definitivo à Saulot, Santo Fectos lançou-se junto ao inimigo dentro da Garganta de Astaroth, a entidade poderosa e colossal que em tudo compunha o plano do Abismo. Lá, eles permaneceram por centenas de anos, incapazes de influenciar diretamente acontecimentos em Draganoth. 

No reinado, entretanto, deu-se início à uma disputa definitiva entre as igrejas de Splendor e a Mortalha. Confronto que se estendeu durante muito tempo (até o final da Quarta Era inteira, inclusive). De um lado, a Mortalha tentava dominar poderes suficientes para libertar Saulot, do outro, as igrejas de Splendor tentando recuperar-se do abalo religioso que culminou em descrença na vitória dos servos do deus do heroísmo.

A Mortalha, entretanto, saiu na frente mais uma vez, pois conseguiu alcançar a maior façanha que até então haviam conquistado: assassinar Amarillys, a deusa da vida e fazer de seu sacrifício um portal para Saulot voltar para Draganoth.

O ÚLTIMO ENCARNADO

Foi apenas no final da Quarta Era, numa data decisiva em que a mais grave das guerras devastava Draganoth, que a presença de Santos Fectos foi vista novamente e pela última vez desde então. A Muralha Eterna havia cedido, as planícies de Azran tornaram-se inférteis, as proles sombrias avançaram pelas terras de Shantae sob o comando dos barões da Mortalha escolhidos à dedo pelos Sete de Sangue devido à suas perversas conquistas alcançadas durante toda a era. Deuses malignos se uniram à causa de Saulot apenas para alimentar o ódio e a vingança que tinham contra os deuses que optaram por lutar pelo outro lado. 

Esta se chamaria a Última Guerra da Era e as ruínas que surgiram a partir dela permaneceram durante décadas até que tudo fosse reconstruído, mas não antes que o maior dos milagres ocorresse afim de incentivar o heroísmo e sobrevivência da próxima geração. Enquanto deuses, reis e heróis erguiam suas armas e brandiam coragem e força de vontade contra o exército inimigo, um último suspiro de esperança foi depositado nas mãos de Lady Magdalen, aquela que foi o último vestígio de essência da deusa Amarillys e, se de um lado a Mortalha foi bem-sucedida no ritual que libertou Saulot da Garganta de Astaroth, do outro, Santo Fectos ressurgiu e encarnou a essência de Splendor para o embate que culminou na vitória dos povos livres.

Após o acontecido, ainda vestindo a pele de Santo Fectos, Splendor ascendeu e deixou Vittoria, a matadora de deuses, nas mãos da Igreja da Cruz-Espada, para que um dia, num futuro inevitável, o herói certo pudesse manejá-la novamente e dissipar o mal que Saulot um dia traria para Draganoth novamente. 

OS VESTÍGIOS QUE SOBRARAM DO CAVALEIRO DA LENDA

Atualmente, Vittoria pode ser encontrada em Zenith, a cidade da luz, num lugar onde o primeiro raio de sol que atravessa as montanhas incide e, a partir dela, toda a claridade do reino de Azran se expande. 

Zenith foi erguida pelos arcanjos de Splendor das ruínas que um dia foram a prisão de Santo Fectos e esta foí encontrada por Lady Lisbeth, a atual rainha de Azran e principal disseminadora das crenças da Igreja da Cruz-Espada em Draganoth. A rainha tornou Zenith a capital do reino.

Lady Lisbeth se esforça para que a religião de Splendor jamais enfraqueça, pois reconhece que as esperanças de um mundo prestes à confrontar um enorme perigo novamente, devem ser concentradas na profecia que o próprio Lorde Splendor decretou no final da Quarta Era. Enquanto isso, Santo Fectos tornou-se o herói mais representativo da religião e sua estátua monolítica compõe o arco que acerca a cidade de Zenith, de modo que a visão do santo esteja sempre direcionada à todo reino de Azran.

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