Um aviso ao leitor:
Diante de vossa mercê está uma
coletânea de pergaminhos recém-rabiscados escritos por um mero apreciador da
evolução das coisas, Sir Jackaby Darwin Maelstrom, um legítimo cronomante e
apreciador dos dogmas convincentes da deusa Velaska.
Em primeira instância, devo parabenizá-lo
por ter adquirido esse exemplar diminuto, porém revelador, de a origem de todas
as raças onde eu cataloguei algumas curiosidades avulsas e, para meu desprazer,
desorganizadas informações que teorizam o estudo da cronomancia. O estudo do
tempo e do espaço é algo grandioso e decididamente relativo, mas estou sendo prudente quando afirmo a ti que esses inscritos são suficientes para que conheça o básico sobre o assunto e, caso você torne-se um apreciador deste
conteúdo, reúna-se à mim para discutir sobre a teoria.
Devemos começar pelo termo
cronomancia. Enquanto a maioria dos teóricos crê que esse tipo de estudo está
unicamente relacionado à passagem de tempo, das estações e das eras, o termo kronos é muito mais amplo do que essa
visão limitada tende a nos mostrar. Um cronomante não contempla somente o tempo
como objeto de estudo, aliás, nós jamais pensamos no tempo como um ser
individualista e totalitário. Ele possui um companheiro pela eternidade e a
este denominamos espaço.
Um cronomante jamais
conseguiria estudar o tempo sem se aventurar pelo estudo do espaço. Eles são o
conjunto união de nossas escolas. De nada adianta reconhecermos a estação do
ano se não a interligarmos com um lugar de estudo. É correto afirmar que é
sempre inverno na monótona Nevaska? Ou que a região de Chattur’gah nunca
conheceu as folhas amarronzadas do outono? É claro que não: as estações do ano
funcionam de forma diferente para cada hemisfério de nosso mundo. Isso
ocasionou a evolução.
Caso você dê ouvidos às más
bocas que nos chamam de pecadores ou céticos, faça um favor a você mesmo e fuja
desses estereótipos. Somos religiosos e não temos razão para não ser. Este
mundo no qual vivemos já nos provou, diversas vezes, a existência dos divinos.
Não somente a existência, mas também a eficácia desses em nos usar. Velaska é a deusa que a maioria de nós se simpatiza. Ela carrega os dogmas relacionados com o tempo e o espaço e seus domínios facilitam nossas pesquisas.
Esta é uma das primeiras
decepções que um cronomante precisa se acostumar: a de que somos feitos pelos
deuses e somos dos deuses, então, escolha um para seguir ou apodreça no
purgatório. Evoluímos do ventre de uma poderosa e onipotente deusa adormecida e
podemos enxergar sua monolítica coluna sustentar a nossa existência, bastando
olhar para os reinos de Azran, Citadel ou Mordae. Nascemos e existimos graças à
mãe de tudo! Uma deusa inominável que
jamais ouvirá nossas preces, pois ela não existe para isso. Ela existe para
gerar e o pai para destruir.
A existência de um povo
gigantesco, tão humanoide quanto nós mesmos, não é mais segredo para qualquer
civilização. Os gigantes ou, para vias de informação mais precisa, os
titânicos, como nós cronomantes nomeamos, juntos aos poderosos dragões foram as
primeiras raças as quais encontramos vestígios de existência.
Foi em Chattur’gah, considerada
pela maioria dos cronomantes o berço de todas as nações, que encontramos os
primeiros vestígios dos titânicos. Em uma pintura rupestre bastante discernível,
pudemos notar que uma das imagens nos mostrava um ser gigante cujo no braço
estendido destacava-se um ser menor, também humanoide, de joelhos e com as mãos
apoiadas no chão, como a implorar perdão ou atendendo a um rito de adoração que
devia ser bastante comum na época.
Tal foi a surpresa quando minha
suposição foi provada através dos vestígios encontrados nas masmorras do mesmo
lugar e que nos confirmava que aquele ser não era um humano, como os antigos
teóricos presumiam – nós, como escravos de um povo gigante da primeira era – e sim
um símio. O símio que, mais tarde, evoluiria para a nossa raça de hominis. Sendo assim, dou início as nossas teorias evolutivas afirmando: nós descendemos do macaco.
Sabemos que os titânicos em
questão era um povo, de certa forma, sofisticado, portador de magia arcana –
essa teoria é questionada frequentemente pelos elfos que acreditam serem os
criadores do arcanismo – mas é fato que algumas dessas pinturas rupestres
emanam alguma aura mágica arruinada, portanto ineficaz, de um tipo de magia que
pode ser estudada, caso novas câmaras e escavações sejam providenciadas.
Vemos, atualmente, pequenos
macacos, os cauda-longa, um tipo de símio
pequeno constante nas florestas abertas, passearem
pelos ombros e braços dos capitães piratas de Labrynna e a maioria de nós não
consegue associar uma coisa com outra.
Diante essas alternativas de
evolução, nos deparamos com a principal curiosidade que assola a mente de um
necromante: para onde foram os titânicos? Como pode não haver as ossadas de
hominídeos eretos em qualquer lugar da divina Draganoth? Eles simplesmente
pararam de existir?
Uma das teorias mais curiosas é
a de que os titânicos vivem no outro mundo, o mundo além do oceano navegável e
além de Xea’thoul, o pântano do ébano. Eles nos abandonaram neste resto de
terra por causas desconhecidas. Talvez ordem divina, talvez para evitar alguma
doença ou maldição. Ninguém sabe.
Para um cronomante, conhecer o
outro mundo torna-se, dia após dia, uma ambição prioritária. Acredita-se
que no mundo além-mar existem respostas que nos guiará ao início de nossa própria
existência. Apesar de muito contestado, muitos de nós, inclusive eu mesmo,
acreditamos que descobrir sobre nosso passado influenciará nas decisões
futuras.
Apesar de sermos uma audiência
pouco respeitada, a nossa mais recente afirmação provocou um arrepio nos egos
dos governantes de nossas terras:
"Talvez a Quinta Era, um dia, seja reconhecida como a
era dos navegantes, das viagens além mar e do primeiro contato com o povo do
desconhecido. "conhecer o mundo além das grandes ondas nos revelará muito
sobre nosso passado e, estudando o passado é possível prever o futuro. O reino
que mais bem sucedido for nessa corrida pelas terras de além, talvez se torne o
império mais influente dessa era e de tantas outras ".
Mordae, Azran e Citadel são os
reinos que primeiro decolaram nessa disputa, mas, infelizmente, a vantagem
dessas descobertas, por enquanto, é toda de Lorde Bakula, o senhor do distante
e oculto reino de Labrynna. O sujeito diz ter visitado as terras além-mar e que
trouxe com ele alguns artefatos estranhos e poderosos. Nunca tive a
oportunidade de vê-los e, aparentemente, mais ninguém, além de Bakula, os viu.
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